19/09/2019

Desigualdades de gênero e raça precisam ser tratadas como fatores estruturantes das cidades

Essa foi uma das propostas colocadas pelos participantes da mesa temática “Planejamento Urbano: Enfrentando Desigualdades de Gênero e Raça”

Diversas reflexões e propostas foram apresentadas e debatidas na mesa temática “Planejamento Urbano: Enfrentando Desigualdades de Gênero e Raça”, evento que integrou a programação da Conferência Catalisando Futuros Urbanos Sustentáveis desta quinta-feira (19/9). Uma das sugestões foi apresentada por Tauá Pires, coordenadora de Programas da Oxfam Brasil. “É preciso tratar as desigualdades de gênero e raça como fatores estruturantes”, defendeu.

Tauá lembrou a centralidade da moradia nas vidas das pessoas, pois a região em que mora é determinante para seu acesso aos bens e serviços, como educação, saúde, transporte e saneamento.

Ela citou alguns dados que revelam a relação existente entre desigualdade e raça e gênero. “Em Parelheiros [distrito do extremo sul da periferia de São Paulo] 57,1% das pessoas se autodeclaram negras, índice 7,8 vezes maior que o de Pinheiros [região nobre da cidade], onde 7,3% dos moradores se dizem negros”, informou.

Segundo a representante da Oxfam Brasil, as mulheres negras são as maiores vítimas de feminicídios no pais. “Apesar de ser 27,7% da população, as mulheres negras ocupam apenas 0,4% do quadro de executivos das maiores empresas do país”, complementou ela.

Maitreyi Bordia Das, gerente de Práticas Globais em Desenvolvimento Social, Urbano, Rural e Resiliência e líder global para a Inclusão Social do Banco Mundial, também se baseou em dados para defender políticas de inclusão social que tenham como foco os afrodescendentes.

Segundo ela, o relatório do Banco Mundial publicado no ano passado revela que em países, como o Brasil, os afrodescendentes têm maior probabilidade de serem pobres do que os brancos.

Outro problema apontado por Maitreyi, para enfrentar os desafios de um planejamento urbano que promova o combate à desigualdade, é a falta de segurança. “Os jovens são mais vulneráveis a essa falta de segurança, que também tem relação com as desigualdades”, exemplificou.

O evento também contou com as participações de Paula Freire Santoro, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP, e de Daniel Todtmann Montandon, consultor em Planejamento Urbano da ONU-Habitat.

A moderação da mesa ficou a cargo de Atila Roque, diretor regional da Fundação Ford no Brasil.